segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A coisa pia fino...

Ao longo da minha vida de 70 anos, fui ouvindo muitas vezes esta pequena mas confusa expressão que me fazia pensar o porquê de: a coisa pia fino. Por isso, compus este pequeno poema para vos transmitir a minha ignorância até descobrir o significado ou coisa parecida...

Desde os tempos de catraio
Como o repique do sino
Ouvia e olhava de soslaio
Porque a coisa pia fino…
Ficava à espera do gesto
Que explicasse tal signo
Como burro de cabresto
Porque a coisa pia fino…
Expressão que muito ouvia
Que até perdia o tino
A pergunta cá dentro ardia
Porque a coisa pia fino…
No pensamento, movia
No meu tempo de menino
Por vezes, nem dormia
Porque a coisa pia fino…
Chegava a certo ponto
Com este corpo franzino
Confesso, um pouco tonto
Porque a coisa pia fino…
Andei de eira em feira
Corri mundo, o destino
E descobri na algibeira
Porque a coisa pia fino…
Num papel amarrotado
Sem linhas, descuido latino
Da escola, emaranhado
Porque a coisa pia fino…
O sinónimo, encontrei
Concluindo o meu critério
Em pesquisa de ladino
Penso, desta vez acertei:
Pia fino é um caso sério
Porque a coisa pia fino…

Nossa Senhora do Vencimento!

Por mero acaso, deambulando pelo nosso país, passei nesta pequena localidade entre o Pinhão e S. João da Pesqueira, no Alto Douro Vinhateiro. Com a crise reinante que nos cerca por todos os lados, (pensando sempre no vencimento que é alma do pobre) acredito que, muito em breve, este será um local de grandes peregrinações... À cautela, fotografei e registei o local. Nunca se sabe o dia de amanhã! (Aceitam-se inscrições para viagens de autocarro e comboio)
  
Quando o mês acaba
Ou vai indo para o fim
Vou andando na crava
Ou então, coitado de mim…
É assim todo o ano
Mas com o subsídio de férias
É roupa de outro pano
Já digo mais umas lérias
Ou será puro engano?
Com o décimo quarto mês
Porque ao cortar-lhe um bocado
Volto ao ponto da gaguês
Contudo, vou sentindo algo
No meu íntimo, cá dentro
Torno-me num fidalgo
Com o nobre pensamento
Correndo como um galgo
P´ra Senhora do Vencimento…
Tenho fé um pouco falsa
Quando vejo o meu recibo
Meto-o no bolso da calça
Deixo de ser mendigo…
E, neste vai e vem
Ao longo da minha vida
Vai havendo também
Porta de entrada e de saída…
Esperando sempre o milagre
Da Nossa Ilustre Senhora
Que nos livra do fel e vinagre
Com sua mão Protectora…
Esperançado, fico esperando
Novo vencimento, sem demora
À Senhora vou lembrando
Que me salve a toda a hora…
Há quem diga, com espanto
Para que servem as Capelas?
Que surgem lá no alto
E nós, socorremo-nos delas…
Ora digam qual o argumento
Para tais afirmações?
Se a Senhora do Vencimento
Nos acode nas aflições…
Provendo para o nosso contento
Equilíbrio das imperfeições
Mesmo que o governo
Nos vá subtraindo os tostões…
Feliz daquele que acreditará
Isto até vale uma aposta!
Pois, só ela nos salvará
Da hipotética bancarrota…