Por vezes deixa de o ser
Porque há quem deixe
O linguado para lamber.
De gastronomia farta
Portugal de lés-a-lés
Mas, só isso não basta
No seu palmarés.
Terra de cardápios
Equivalentes a menús
Onde abundam larápios
Como bordados de ponto de cruz.
Mas, voltemos ao linguado
Pois, minha ideia foi essa
Que pode ser ensopado
Servido numa travessa.
É tão grande a variedade
De pratos para ictiófago
Que escolher gera dificuldade
Para satisfazer o isófago.
Linguado por baixo
Linguado por cima
Linguado à Cartaxo
Linguado sem espinha.
Linguado deitado
Linguado de pé
Linguado de lado
P`ra Maria e p`ro Zé
Linguado às escuras
Linguado em plena tarde
Linguado nas curvas
Linguado à abade
Linguado de costas
Linguado de barriga
Linguado de cócoras
Linguado na birilha
Encostado à parede
Linguado à paraquedista
Linguado no tapete
Linguado à ciclista
Linguado à 69
Linguado à fuzileiro
Linguado à pobre
Linguado à mineiro
Linguado de toda a maneira
Linguado assado na brasa
Linguado de alheira
Linguado feito em casa
Linguado sofredor
Linguado a tempo inteiro
Linguado de primor
Para quem chegar primeiro
Linguado à francês
Linguado lá p`ro fundo
Eu, gosto do português
Não há igual no mundo!
3 comentários:
A CULPA É DA CARNE
Linguado do caraças
Linguado do caneco
Come-se com carcaças
Escondidos num beco...
Linguado que se come
Linguado que se chupa
Logo que não se dorme
Mama-se na chucha!...
Linguado do mar
Linguado da terra
Linguado para manjar
Como outrora na guerra!...
Barrigada de linguado
Até a língua se esfolar
Entre as pernas escachado
É sempre a mamar...
Penso que já chega
De linguado por agora
Amanhã há mais esfrega
Logo não seja bodega
E fresquinho na hora!?
E viva o velho!
Está bem, está!
O meu linguado quero-o frito e passado por gema de ovo, para não me arranhar na língua.
Linguado é coisa que não aprecio,
todavia, para responder com cuidado
aceito, sem provar esse desafio
para que não fique o caldo entornado
coloquei-o dentro do frigorífico
numa folha de laranjeira embrulhado
Diz-me lá amigo Verde, qual a tua ideia
será que foste pescar lá no mar
no céu estrelado em noite de lua cheia
tropeçaste sem querer no alguidar
ficaste com o barco encalhado
nas barbatanas duma linda sereia
à fateixa dela ficaste bem agarrado
a olhar para uma no céu brilhante estrela
ela te encandeou fortemente
de imediato remaste a porto seguro
às avessas imaginaste o mundo diferente
como é que será o desconhecido futuro.
Do linguado fizeste uma açorda de palavras
foi de comer e chorar por mais ainda
de alegria viste correr muitas lágrimas
dos olhos daquela sereia tão linda.
Do Cartaxo conheço o bom carrascão
em Almeirim, há mais branco do que tinto
no Alentejo o mais saboroso esporão
não sou bem assim com o tio Jacinto
gosto muito mais do tinto do que do branco
desde já de linguado não estou faminto!
Boa noite amigo Verde, um abraço.
Eduardo.
Enviar um comentário