terça-feira, 31 de maio de 2011

Estamos fora de combate...


Disponho de pouco vagar
Mas não ficarei calado
Porque, no meu comentar
Sinto-me mais aliviado...
Portugal... é nosso
E, jurei defendê-lo
Estou velho, pouco posso
Mas não queria perdê-lo...
Afogado em dívidas
Recheado de corruptos
Mesmo apregoando maravilhas
É governado sem escrúpulos...
Traidores e chafurdeiros
Muita ladainha na garganta
Vivem estes caloteiros
Que levam tudo na pança...
Com dificuldades na visão
Teimam com sua miopia
Enterrar esta Nação
Na lama da Democracia...
Reparem, amigos meus
Neste aparente contraste
De lagartas para o ar, oh céus
Num fatídico desastre...
Assim temos Portugal
Com enorme desgaste
Desta Pátria imortal
Que está fora de combate...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Existe um lugar escondido...

Para deliciar aqueles que vão participar no 
Convívio das Companhias Nº 2 & Nº 8 de Fuzileiros,
 no leitão da Mealhada
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Direito ou torto
Estreito, gordo ou cabeçudo
Até mesmo canhoto
Careca ou peludo
O homem não é de todo
Aquele que pode ser tudo…
Mesmo esfomeado
Por ventura, barrigudo
Sendo desgraçado
Ou então, pançudo
Num país enguiçado
Torna-se caso bicudo
Onde qualquer anafado
Sendo narigudo
Neste mundo desalmado
Não passa dum ser nulo…
Que no meu jeito de profeta
Ou se calhar de burro
Teria a mão mais certa
Para provocar um esturro…
Oh…homem que pouco vales
Ocioso e casmurro
Vives no, não te rales
Na ciência do sabe-tudo…
Mas, esgotando o sentido
Levanta a cabeça do breu
Existe um lugar escondido
Para ti, no Inferno ou no Céu…

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Lições do tempo tiradas de um conselho chinês...

O tempo oferece-nos lições surpreendentes, como vamos ver.
Um campónio chinês era muito pobre mas possuía uma sabedoria singular e rica.
Certo dia, seu filho, disse-lhe:
- Pai, que desgraça! O nosso cavalo fugiu.
- Por que lhe chamas desgraça? Veremos o que nos traz o tempo.
Passados alguns dias, o cavalo regressou, trazendo consigo outro cavalo selvagem.
O rapaz ficou radiante e disse:
- Pai, que sorte! O nosso cavalo trouxe outro maravilhoso.
- Por que dizes sorte? Veremos o que nos traz o tempo.
Uns dias depois, o moço quis montar o cavalo novo. Mas este não estava habituado e atirou-o ao chão. Com uma perna partida, o rapaz disse ao pai:
- Que desgraça! Parti uma perna.
O camponês citou a sua filosofia e disse:
- Por que lhe chamas desgraça? Vamos ver o que nos traz o tempo.
O rapaz não aceitou bem o pensamento do pai.
Mas, daí a uns dias passaram pela aldeia emissários do rei, recrutando mancebos para a guerra. Entraram na casa do pobre lavrador, depararam com o jovem de perna partida e muito debilitado, sem condições para ser alistado. Deixaram-no.
O rapaz verificou então que o pai tinha razão na sua filosofia: que tanto na desgraça como na fortuna, só o tempo nos dirá o que é bom ou mau. Para verificar o que valem as pessoas, não servem juízos precipitados…
A vida dá tantas voltas que o mau pode vir a ser bom e o bom pode vir a ser mau. É preciso ver o que nos traz o tempo…
 (O tempo tem segredos para modificar tudo que o próprio génio humano não descobre – escreveu Charles Maurice)

Será que o governo de um cavalo
Empurrado ou fugido, animal,
Trará mais um novo cavalo
Para governar Portugal?
Ou seremos de novo, bestas
Entre soluços e abalos;
Incapazes de pôr rédeas
Nestes burros, camelos e cavalos?

domingo, 8 de maio de 2011

A Guerra dos Tachos!

Se nos pusermos à espreita
Dos estafermos mamarrachos;
Encontramos sempre a maleita
Da concorrência aos tachos...

Diferenças, pequenas, por vezes
Onde, pouco de algo se nota,
Porquanto os seus revezes
Porfiam em fazer a troca...

Para nos taparem as mentes
Apenas trocam de gamela;
Abarcam a pia com os dentes
Mandam-nos apertar a fivela...

Embebidos em néctar delicioso
Saboreiam, quão grande prazer!
Um belo tacho misterioso
Que lhes dê pouco que fazer...

De sonhos monetários, malucos
Assaz, olham-nos de sobranceria,
Vão subindo, mesmo aos soluços
Aos cobiçados pilares da soberania...

E, na guerra dos tachos, feroz,
Do assombro a tanta mordomia,
Apenas deixam para nós
A máquina de fazer tosquia...

Assim, naquela chupeta doce
Desses abutres carnívoros,
Tiram, quanto mais não fosse
Ainda o sangue dos vivos...

Que, vergados, quais molas
No desespero, morrendo aos poucos,
Desprezados pelos cartolas
Que ousam fazer ouvidos moucos...

E, combalidos na penumbra
Soçobrantes, esfomeados e pálidos,
Vamos enfiando os pés na tumba
Onde, até se negam os epitáfios...

Porque nesta cavalgada, nojenta
De vampiros e sanguessugas,
Só uma nuvem poeirenta
Vai cobrindo as nossas rugas...

Que, neste mundo nefasto
Sem ética e sem moral,
Há um país, na mó de baixo
Onde existe tanto animal;
Mas todos querem um tacho
É este o nosso Portugal...