segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A falta de coragem de quem nos governa...mal!

Começamos o novo ano cansados, frustrados e angustiados, e coma a clara sensação de que a procissão ainda vai no adro. O ano está quase acabar, os andores continuam com os mesmos santos, os membros das irmandades mudam de opas novas e os que ladeiam o pálio têm lugar garantido para futuras procissões. Os que levam as lanternas ou archotes, mais não podem do que contemplá-los já murchos, quase apagados, sentindo uma dose de repugnância, porque o seu tacho pode findar por ali.
O padroeiro, orago ou patrono desta mártir e paupérrima “aldeola”, lá continua empoleirado no andor principal com uma orla doirada, rodeando-lhe a cabeça, fazendo brilhar a tez da sua face com os reflexos do sol do Outono. Toca a Fanfarra, depois a Banda Filarmónica e por fim os Zés Pereiras troando nos seus bombos para encobrir a miséria dos fiéis que dobram o joelho, cheios de fome para louvarem, não o Santíssimo Sacramento, mas para venerarem os pantomineiros e patifórios deste país anacrónico e bancarrotenho que, já nem migalhas consegue ter para os primeiros pardais.
O que mais agrava tudo isto é que não sabemos o que nos espera, porque os nossos governantes e afins nos tratam como dementes. Julgam que achamos normal que, por um lado, nos vão dando as más notícias aos bocadinhos, anunciando cortes e impostos às pinguinhas, de preferência com factos já consumados, e por outro lado, sejam incapazes de nos apresentar uma estratégia coerente de combate ao problema, com a coesão que se espera de pessoas responsáveis face a uma crise como a que atravessamos. Acham-nos imbecis ao ponto de não darmos pela incapacidade que revelam de executar as decisões tomadas, como um chefe que grita e ameaça mas depois cede na primeira curva, traindo aqueles que o levaram a sério e ao colo!?
A solução final para a questão das SCUT’s é um desses insultos à inteligência. Dizem-nos que o País está nas lonas e é preciso dinheiro, porque, senão vamos todos para a bancarrota.
Garantem, em discursos inflamados de vigarice, que é preciso aumentar impostos, custe a quem custar. Mas depois, perante um caso concreto, como o das portagens, inventam mil saídas à boa maneira de chico-espertos: claro que é para pagarem todos sem excepção, tirando evidentemente aqueles que têm uma casa aqui, uma loja acolá, o filho numa escola e por aí adiante. Mas então, perguntamos surpreendidos, não precisávamos de fazer sacrifícios, não faria mais sentido que pague quem usa e quando usa, do que pagarmos todos com os nossos impostos, os tais que, além do mais, são precisos para fazer face à dívida? Precisamos, claro, mas os nossos governantes têm medo dos autarcas, dos buzinões e das eleições que podem chegar a qualquer momento. Ah, então a dívida? Fica esta resposta crua e nua: isso, amanhã, logo se verá…

domingo, 26 de setembro de 2010

Será que perdemos o sentido da vida?

Um pequeno apontamento, para hoje, Domingo, que me apraz sugerir para uma profunda reflexão:
Nem todos se preocupam com a questão de saber se a vida tem sentido. Alguns - e esses não são os mais infelizes - têm a mente de uma criança, que ainda não questionou tais coisas; outros, tendo desaprendido a questão, já não as questionam. Entre ambos estamos nós próprios, aqueles que procuram. Não conseguimos projectar-nos de novo no nível do inocente, para quem a vida ainda não olhou com os seus olhos escuros e misteriosos, e não nos interessa juntarmo-nos aos saturados e fatigados que já não acreditam em qualquer sentido na existência por não terem conseguido encontrar qualquer sentido na sua própria vida.
Aquele que não conseguiu atingir o objectivo que procurava na sua juventude, e que não encontrou nada que o substituísse, pode lamentar a falta de sentido da sua própria vida, mas pode ainda acreditar que a existência em geral tem sentido e pensar que tal sentido está presente nos casos em que uma pessoa atingiu os seus objectivos. Mas aquele que, depois de muito esforço, conseguiu atingir os seus propósitos, e que depois descobriu que o seu prémio não é tão valioso como parecia, de alguma maneira sente-se enganado - confronta-se abertamente com a questão do valor da vida e diante dele, como um solo sombrio e devastado, deixa permanecer no pensamento de que, para além de todas as coisas serem transitórias, em última análise tudo é em vão...
Não será totalmente justo, pensar nesse vazio de sentido, porque, existe sempre o sentido de algo ao longo da nossa vida. Falhamos, geralmente, porque somos humanos e perdemos a vontade de encontrar um rumo adequado às circunstâncias e à nossa maneira trémula de viver. O tempo cansa-nos porque nós não somos capazes de cansar o tempo. A ansiedade preocupa-nos, sempre sem cessar!
Há muita coisa ou pelo menos algo que falta! Na maior parte das vezes é a diligência e o desprezo pela constância do querer, pois, as criaturas humanas desmoralizam com facilidade, abandonando o estigma que lhes daria fealdade. Essa falta de fé no verdadeiro sentido da vida, é sem dúvida o maior ou um dos maiores colapsos da sociedade…porque, acreditar é ter esperança de viver e encontrar o desejado sentido da vida que almejamos cheia de felicidade…

sábado, 25 de setembro de 2010

Ciência tenta explicar o milagre de Moisés...

Um vento de cem quilómetros por hora permitiria a separação das águas, mas não no mar Vermelho.
Segundo a Bíblia, Moisés ergueu as mãos para o mar Vermelho e durante toda a noite Deus separou as águas com um forte vento de leste para permitir a fuga do povo hebreu do Egipto para a Palestina. De manhã, quando o exército do faraó os tenta seguir, foi engolido pelas águas. Agora, uma nova simulação de computador concluiu que um fenómeno natural pode realmente ter permitido este milagre, mas não no mar Vermelho.
"As pessoas ficaram fascinadas com esta história do Livro do Êxodo, perguntando-se se tem origem em factos históricos", disse o investigador do Centro Nacional para a Pesquisa Atmosférica norte-americano, Carl Drews. "O que este estudo mostra é que a descrição da separação das águas tem por base as leis da física", acrescentou o principal autor do estudo publicado online no jornal científico PloS ONE.
Com o recurso a antigos mapas topográficos, registos arqueológicos e modernas medições de satélite, a equipa encontrou um possível local para a travessia: não no mar Vermelho, onde normalmente se localiza o acontecimento de há três mil anos, mas numa área no delta do Nilo, onde aparentemente um ramo do rio inundava o antigo lago de Tanis.
Aí, um vento de leste a soprar a uma velocidade de um pouco mais de cem quilómetros por hora, durante oito horas, teria permitido afastar as águas (com 1,8 metros de profundidade). Uma faixa de terra lamacenta com entre 3,2 e quatro quilómetros de comprimento e 4,8 quilómetros de largura teria ficado a descoberto durante quatro horas, com duas paredes de água de ambos os lados. Assim que o vento parasse, o caminho teria ficado alagado.
"A simulação corresponde de forma bastante rigorosa com o relato do Êxodo", indicou Drews, no texto que acompanha as conclusões do estudo. "A separação das águas pode ser percebida através da dinâmica de fluidos. O vento move a água de acordo com as leis da física, criando uma passagem segura com a água nos dois lados e depois permitindo uma rápida inundação", acrescentou.
Este tipo de vento, capaz de diminuir as águas num determinado local e empurrá-las para outro, já foi documentado várias vezes - aconteceu, por exemplo, no Lago Erie perto de Toledo, no Ohio. Em pelo menos uma ocasião foi também detectado no delta do Nilo no século XIX, quando as águas terão recuado cerca de 1500 metros.
Uma anterior simulação de computador, feita por cientistas russos, tinha estabelecido que seriam necessários ventos de nordeste de pelo menos 120 quilómetros por hora para criar uma passagem no mar Vermelho, perto do actual Canal do Suez. Mas Drews e a sua equipa duvidam que fosse possível os refugiados caminharem com ventos tão fortes, explicando que o solo tinha de ser totalmente liso para permitir que a água recuasse em apenas 12 horas.
O novo estudo, que contou com a colaboração da Universidade de Colorado, é parte de uma investigação maior sobre o impacto dos ventos na profundidade das águas. Drews espera que, ao dar esta nova localização para o milagre de Moisés, possa ajudar os arqueólogos a descobrir provas concretas deste evento.
O meu comentário:
Os “embrulhadores ou esbulhadores” e não cientistas como vulgarmente se diz, da história antiga ou mesmo contemporânea, arranjam teses e comparações sobre assuntos demasiado sérios, para contemplarem os leitores das suas obras ou pesquisas científicas, de forma tão audaz, de esperteza tão cínica que, pensam que só eles, nas conclusões ou frustrações é que têm o devido mérito e valor, esquecendo que as outras pessoas também são possuídas de raciocínio e, portanto, capazes de ombrear como eles em aventuras e descobertas de intrínseca fealdade.
Quanto a mim, humilde analfabeto em comparação com tais doutos cientistas, falta-me, se calhar, a visão para atingir aquilo que eles pensam que são capazes e que a mim me transcende.
Contudo, deixem-me dirimir certas questões que me parecem muito opacas:
Será que a capacidade do vento, mesmo ciclónico, teria deixado o mar enxuto como uma eira, para se passar sem molhar os pés?
Naquela data, estaria a ciência avançada no sentido de se descobrir a aproximação de tais factos? E, se uns sabiam e se aproveitaram dessa fase, porque razão os outros não eram possuidores desse conhecimento?
A explicação é difícil, mas se tal aconteceu sem a mão de Deus, porque não vemos hoje, coisas do género, definidas e com horas acertadas pelos homens da ciência que possuem os melhores e mais sofisticados aparelhos de detecção?
Deixo-vos aqui o desafio para os vossos comentários mas, inclino-me mais para o poder divino do que para a obra científica do ser humano. Reconheço o avanço enorme das tecnologias e aceito a forma de pensar de cada um, mas tal como eles, tenho o pleno direito de discordar e de não ficar convencido…

domingo, 19 de setembro de 2010

Comentando: Vivam os cantadores (gaivotasnoniassa) do Valdemar.

Hoje, virei pelo Minho
Esses versos vêm a calhar;
Dei mais um passeiozinho
É, assim, amigo Valdemar

Gente, como família
Num moderno autocarro
Onde não houve quezília
Nem o fumo do cigarro

Virei em Espanha, Sta Tecla
Até virei em Valença
Às vezes a gente peca
Dando cabo da nossa crença

Virei também em Viana
Junto do rio Lima
Mas, por falta de cana
Pesquei só com a linha

De tanto vira e virar
Depois, virei em Braga
De muito beber e petiscar
Pesado, mais parecia uma draga

Rodeado de bons amigos
De redobrada confiança
Já estou nos meus abrigos
Juntinho da minha Esperança..

sábado, 18 de setembro de 2010

Manuel Luís Goucha envergonhado em directo...

01 | 09 | 2010   13.29H
Ana Guedes Rodrigues, pivô do "Jornal da Uma", da TVI, deixou Manuel Luís Goucha sem fala, ontem, no programa "Você na TV".
O apresentador conversava com Lili Caneças e Flávio Furtado sobre o facto de Cristiano Ronaldo ter, alegadamente, oferecido um relógio de diamantes à namorada, Irina Shayk.
O comentador questionou o apresentador se dormiria com alguém a troco desse objecto, ao qual Manuel Luís respondeu negativamente.
Ao estabelecer a ligação com Ana Guedes, para lançar os principais temas do jornal, Goucha brincou com a jornalista dizendo que «dormia era com ela».
A resposta da jornalista foi um riso aberto, junto com a exclamação: «Que medo!», acrescentando: «que medo do teu namorado. Já viste, ele depois vinha atrás de mim e era um problema. Eu não quero confusões».
Manuel Luís Goucha ficou absolutamente sem fala, perante a inconfidência da colega e o divertimento da plateia.


O eterno vaivém (Pequeno apontamento)

Tempo é ritmo. Vai e vem como um impulso no nosso cérebro, o jorrar do sangue no nosso coração ou a maré na praia. Todas essas coisas são governadas por relógios universais, e nós, os humanos, medimos esse fluxo como se fôssemos guarda-livros. Minutos e segundos nada têm a ver com a Natureza. Cada organismo interpreta os ritmos universais à sua maneira. Um piolho pode ficar parado durante meses sobre uma ervinha, à espera que um mamífero passe por ali; a larva de uma cigarra vive durante anos agarrada ao tronco de uma árvore, esperando pelo momento certo para sair do casulo e viver a sua breve existência. Para eles, esse tempo passa num relâmpago, tão depressa quanto o tempo medeia entre duas pulsações.
O ser humano é um pouco diferente: pensa, idealiza, projecta, sonha e acaba sem ter concluído os objectivos a que se propôs. Nunca a pessoa humana concretizou tudo aquilo que desejava…e morre, sonhando que poderia ter feito mais em prole da família, dos amigos, da sociedade e do Mundo: isto é, nunca termina os seus projectos e ambições, ficando por completar o desejo de ser tudo, mais do que tudo e melhor do que todos! Metas totalmente impossíveis e inatingíveis, sinal de que as criaturas à face da terra são vulneráveis e incapazes de chegar ao auge supremo das suas manifestas vontades, e também, de que haverá algo omnipotente superior aos mortais…
Morramos com dignidade, cumprindo os nossos deveres e obrigações de cidadãos, nem que para isso tenhamos de roubar, porque, hoje, ser honrado é ficar mal visto pela sociedade. São, no conjunto universal, aqueles que roubam, que martirizam, que caluniam, que matam, que denigrem a sociedade, que recebem os louros e as medalhas de comportamento exemplar com a maior pompa e aparatos possíveis, que tresanda de impiedade, de negligência, de malabarismos, de crimes orais e materiais, sem consciência e dignidade sempre contra o indefeso e paupérrimo desgraçado…

É velho, sempre se disse:
Que pureza em corpo sadio
Não passava duma burrice
Para quem ouse ter fastio

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dirigente do PS com licenciatura duvidosa...

O secretário nacional adjunto do PS, e homem de confiança de José Sócrates, André Figueiredo apresenta-se como advogado e jurista, mas um professor de Direito da Universidade Internacional da Figueira da Foz (UIFF) garante que o político não terá completado o curso.
André Figueiredo inscreveu-se em 1995 na UIFF e, meses antes de o estabelecimento de ensino ser encerrado pela tutela, em Novembro de 2009, pediu um certificado de habilitações. Mas, para completar a licenciatura, faltava--lhe a aprovação na cadeira de Estágio Curricular, correspondente a 200 horas numa instituição ou entidade, findas as quais teria de apresentar um relatório e fazer a respectiva defesa oral perante o professor.
Tiago Castelo Branco, advogado, à data docente e coordenador da disciplina de Estágio Curricular na UIFF, disse ontem ao CM que não avaliou o aluno: "Não lhe dei qualquer avaliação à disciplina de Estágio Curricular. Ele não apresentou uma proposta de estágio nem se deslocou aos serviços académicos para a universidade lhe arranjar uma entidade onde pudesse fazer o estágio."
Segundo o professor universitário, o secretário nacional adjunto do PS só poderia obter aprovação à disciplina através da acreditação de competências – processo que, ao que sabe, não foi desencadeado. Isto porque, após o encerramento da UIFF, o conselho científico da faculdade não voltou a reunir-se. "Parece-me que o conselho científico não existia e não me foi pedida qualquer avaliação ou parecer relacionado com o aluno em causa", explica.
No entanto, já em Janeiro de 2005 André Figueiredo assinou um parecer no boletim trimestral da Comissão Nacional de Eleições, enquanto membro do Gabinete Jurídico do organismo público. Ainda em 2005, o então militante da JS candidatou-se ao Conselho Jurisdicional da Federação Portuguesa de Triatlo, escrevendo no currículo "Licenciado em Direito – Advogado". Em Abril de 2009, deu uma conferência na Guarda onde se apresentou como advogado.

CM

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Os Mártires da Liberdade!

Foram doze os mártires que morreram nas forcas da Praça Nova.
Completaram-se cento e oitenta anos sobre a data em que, nos dias 7 de Maio e 9 de Outubro de 1829, na então chamada Praça Nova, morreram enforcados, às ordens do governo absolutista de D. Miguel, doze cidadãos liberais – a que muito justamente se deu o epíteto de “Mártires da Liberdade”, cuja memória o Porto evoca numa rua com aquele nome; na designação do Campo dos Mártires da Pátria, dada ao antigo Campo do Olival, onde funcionou a Cordoaria Nova; e na Praça da Liberdade onde eles pereceram.
Trata-se, pois, de mais uma efeméride a que o Porto não pôde ficar indiferente e da qual nenhum verdadeiro portuense se pode alhear.
A esses Mártires, que o Porto não pode esquecer e que pagaram com a morte a sua luta pelos nobres ideais do liberalismo, e que esta cidade deve, em grande parte, o poder ostentar no seu brasão a honrosa legenda que o classifica como tendo sido o “Berço da Liberdade”.
E haverá, porventura, alguém que nos tempos que correm já não se lembre desse horrível drama de sangue que teve como protagonistas um punhado de cidadãos, que numa época de terror ousaram gritar contra a opressão exigindo a restauração das liberdades entretanto suprimidas?
Para quem eventualmente não se lembre deste pequeno pedaço de história, aqui vai uma sucinta evocação dos acontecimentos que antecederam as mortes dos Mártires da Liberdade.
Tudo começou quando em Julho de 1828 D. Miguel, o usurpador, anulou a Carta Constitucional em vigor e se fez aclamar rei absoluto.
Os Constitucionais não se deram por vencidos e reagiram.
Foram a Verdemilho, nos arredores de Aveiro, e convenceram um antigo desembargador da Baía e membro das Cortes Constitucionais dissolvidas, Joaquim José de Queirós, avô do autor de “Os Maias”, a encabeçar uma revolução que tinha por objectivo a reposição da legalidade do país.
O resto é sobejamente conhecido: os revoltosos partiram de Aveiro para o Porto onde se formou uma Junta Provisória que não chegou a governar porque o movimento revolucionário fracassou.
Não cabe no estrito espaço de uma crónica falar das causas deste fracasso que foram muitas, mas que se deveram sobretudo à superioridade numérica das tropas miguelistas que apressadamente subiram de Lisboa para sufocar a rebelião nortenha.
As forças liberais tiveram que abandonar o país. Os chefes, alguns, embarcaram num vapor inglês que estava no Douro, o “Belfast” e seguiram para Inglaterra. Por causa desse pormenor a revolução passou à história com a designação de “Belfastada”.
O grosso das tropas recuaram para a Galiza onde tiveram que arrostar com a aspereza das montanhas pedregosas, a chuva e o frio e, como se isso não bastasse, ainda eram enganados pela população local que lhes vendia a preços exorbitantes o alimento de que os refugiados tanto careciam.
Duas personalidades salientaram-se durante o êxodo, pela forma digna e humana com que acompanharam as tropas que se viram forçadas a entrar na Galiza: Joaquim José de Queirós e Bernardo de Sá Nogueira, mais tarde marquês de Sá da Bandeira. Dois homens extraordinários que nunca abandonaram os soldados na sua incursão na Galiza e, depois, no exílio em Inglaterra, nos célebres barracões de Plymouth.
Os que não conseguiram fugir ou não quiseram deixar a sua terra, acabaram por ser presos pelos esbirros miguelistas e alguns deles morreram em forcas levantadas no meio da Praça Nova.
Constava das sentenças que esses homens, cujo crime havia sido o de terem ideias próprias e amarem a liberdade, perderiam todos os direitos, honras e privilégios e que seriam levados pelas ruas da cidade “com baraços e pregão” e depois conduzidos à forca onde seriam enforcados e no fim de tudo isso ser-lhes-iam cortadas as cabeças para serem espetadas num troca a ser levantado no sítio onde fora praticado o delito.
O suplício deu-se a 7 de Maio e 9 de Outubro de 1829. Os condenados saíram do edifício da cadeia da Relação e seguiram a pé e descalços pela Calçada da Natividade (actual Rua dos Clérigos) até à Praça. Envergavam a alva dos condenados à morte, o capuz do suplício e ao redor da cinta a corda com que haviam de ser enforcados.
O cortejo era tétrico. Junto aos condenados iam as tumbas que iriam receber os seus restos mortais. Atrás os frades entoavam o “Miserere” da maneira mais funérea que se possa imaginar.
Duas forcas aguardavam os condenados que, quase desfalecidos, eram arrastados escada acima para o cadafalso onde os aguardava o carrasco.
O macabro espectáculo durou três longas horas. Das janelas dos conventos próximos (Lóios e Congregação de S. Filipe de Nery) os frades brindavam a cada execução com vinho do Porto enquanto davam vivas a D. Miguel e à santa religião…
A Reabilitação dos Mártires da PátriaSete anos depois da canibalesca cena dos enforcamentos na Praça Nova, a 7 de Maio de 1836, os cadáveres dos doze Mártires da Liberdade, que haviam sido enterrados no cerro dos enforcados que, por essa altura, se localizava, mais ou menos, onde agora funciona a Urgência do Hospital de Santo António, foram exumados para serem recolhidos num mausoléu que a Santa Casa da Misericórdia recolheu à entrada da sua igreja, na Rua das Flores.
Não foi difícil localizar as sepulturas dos doze Mártires da Liberdade. O coveiro, que os havia enterrado, Joaquim Manuel, ainda estava vivo e localizou facilmente os sítios onde estavam os corpos que, além do mais, não podiam confundir-se com outros porque os corpos que se procuravam não tinham cabeças…
O cortejo que se organizou para o transporte dos despojos até à Rua das Flores foi assim comentado por um jornal da época: “…lá vai o precioso depósito por entre as ruas cobertas de luto… e apinhadas de inumerável multidão que fitava, de olhos turbos de lágrimas, o frio mausoléu onde seriam depositados os restos mortais dos Mártires da Liberdade…”
Em 18 de Junho de 1878 os restos mortais dos Mártires da Pátria foram levados para um novo mausoléu que está no cemitério privativo da Santa Casa da Misericórdia no Prado do Repouso.
Tantos são os indivíduos que pagam com a sua própria morte a ousadia de desafiarem governos, ditaduras, prepotências e alguns sem razão aparente, mas porque o seu ideal, a sua política ou maneira de pensar e de ser não se coaduna com ideais e preconceitos considerados opostos.
Cabe-nos pois, procurar meios de conduta para se discutirem e harmonizarem diálogos que nos levem a um entendimento global de paz, evitando que possam repetir-se tragédias semelhantes que, moralmente em nada dignificam o verdadeiro homem.
Certamente que o ser humano vive de incertezas que provocam atitudes e preconceitos que em nada dignificam o “homem”. Neste contexto, saliente-se a exteriorização social no quotidiano e no espaço onde nos movemos, porque, nele sobressaem algumas disparidades nos conceitos étnicos, raciais e xenófobos sempre rodeados de incúria ou chalaça relacionada com a sexualidade.
Nas variadas profissões e até nos meios de comunicação social, existem preconceitos na diferenciação de classes e de sexos que quase sempre, lesam e vitimam mais a classe feminina, embora possamos assumir atitudes pessoais que contrastem tal ambiente dada a protecção auferida nos direitos e garantias da Constituição Portuguesa.
Muito naturalmente, as opiniões divergem e por tal razão admitimos ou fazemos a crítica. É também um dever de qualquer cidadão, contribuir para que sejam superadas as descriminações e abusos sistemáticos de qualquer género.
No texto que apresentei, suponho ter dado uma ideia sobre opinião pública e reflexão crítica, pois, a narrativa procura dar expressão estereotipada às questões que se abordam e notam com alguma naturalidade.
No entanto, vou procurar discernir um pouco melhor o que penso sobre este tema: Normalmente, a nossa vida no rodopio diário, vai gerando e criando opiniões diversas no contexto da sociedade e portanto, cria também variadas reflexões na própria cidadania. Não se pode viver sem que haja um quadro de opiniões e reflexões públicas, sejam elas críticas ou não sobre tudo quanto nos rodeia.
As opiniões diferem muito consoante o local onde vivemos, pois sabemos que os considerados intelectuais e cultos que vivem nos meios urbanos, têm uma visão diferente da dos outros indivíduos e acompanham com certa assiduidade os problemas do país, a política e toda a espécie de notícias internas e externas.
Deste modo e estando quase sempre dentro dos acontecimentos é, mais que concebível que as suas opiniões sejam mais aceitáveis. Todavia, as opiniões públicas nem sempre geram consenso entre as pessoas, razão pela qual nascem discussões mais acesas! Uma opinião não quer dizer uma certeza! É apenas uma ideia sobre qualquer conhecimento ou questão que se aflorou e debateu. Sendo assim, não podemos afiançar ou determinar que a nossa opinião seja a melhor em relação às opiniões dos outros.
É destas diferenças de ideias ou opiniões que surgem as reflexões críticas! Não se trata só de críticas, mas também na justa reflexão que o ser humano tem de preconizar às vezes contra si mesmo!
A reflexão chama-nos à atenção para pensarmos no que dizemos e ajuizar se o nosso procedimento está certo ou não. Assim, como definir crítica e preconceito? Uma coisa é a crítica justa. Outra é a crítica assente em preconceito que é injusta. É injusta porque: o preconceito retira a lucidez, a isenção e a imparcialidade para uma crítica justa; e retira a lucidez, a isenção e a imparcialidade porque o que subjaz ao preconceito é um sentimento de antipatia que não um conhecimento real e sério da pessoa objecto de preconceito.
Donde se conclui que a melhor forma de combater o preconceito é de modo próprio, ou seja por sua iniciativa e não através de outrem ou da influência de outrem conhecer a vida e obra da pessoa objecto de preconceito. Não seria um pouco disto que se verificou, por exemplo, aquando da visita de Bento XVI a Portugal e se verifica quando se criticam os outros?
Antes de criticar ou ao fazê-lo é aconselhável que olhemos para o nosso interior e reconheçamos os nossos erros e não apontar só e sempre as falhas dos outros.
Há na comunicação social, por exemplo, a porta aberta das notícias de toda a espécie, nacionais e internacionais e, ao ouvi-las, pomos a nossa opinião e a nossa reflexão a funcionar e logo perspectivamos ou auguramos os mais variáveis preconceitos à nossa maneira, antevendo um conjunto, por vezes de fracassos, outras, de factos para além da nossa retina oftalmológica.
Normalmente, o ser humano é exímio ou usa a conjectura da censura e do desterro de condenar sempre e sempre as outras pessoas. Pensemos nesta famosa expressão de L. Pascault: “Não julgues sem necessidade e não condenes sem provas”.
(Não julgues sem necessidade: eis a opinião – Não condenes sem provas: eis a reflexão).
A minha e a sua opinião! Qual de nós precisa de mudar? Aquele que muda, possivelmente entra em reflexão. Vejamos: “Uma das pessoas mais ricas do mundo suicidou-se, pouco tempo depois de fechar uma das suas muitas empresas, que não tinha dívidas nem ordenados em atraso. Estranhei, comentei o facto com um homem de 89 anos, e registei a resposta: Devia ser uma pessoa honesta e com vergonha de não poder cumprir algum compromisso assumido”. Este homem não mudou de opinião e se calhar não pensou em reflectir...
Assistimos também às críticas construtivas que são consideradas mais um género de incentivar para que se faça mais e melhor.
Geralmente, as pessoas vão com quem vai e vêm com quem vem! Não é isso que se pretende.


(Opinião Pública e Reflexão Crítica: Tese que apresentei nos referenciais próprios do 12º Ano, quando da sua conclusão).

O futebol e a festa...

O futebol é desporto, é economia, é festa. É tudo e mais ainda…Vimo-lo no Campeonato do Mundo. Ouvimos a ministra francesa do desporto dizer aos seus jogadores: “foi a imagem da França que vocês mancharam” e tememos pelo futuro da França multiétnica. Ouvimos catalães, galegos, bascos, embrulhados em bandeiras espanholas, gritar “E Viva Espanha!” E o Rei desta Espanha Unida recebeu, no seu Palácio Real, os novos símbolos do orgulho espanhol.
E salta a pergunta: donde vem esta força?
O futebol é um espectáculo maravilhoso e dramático. Maravilhoso porque permite uma fuga à monotonia do quotidiano e suscita uma experiência de tipo religioso em que os jogadores são “deuses da bola”, os “gigantes” dos novos tempos. Dramático porque satisfaz a necessidade de emoções fortes e imprevisíveis onde o desfecho é ignorado pelos próprios actores. A linguagem desportiva, de cariz poético, possibilita o sonho e a evasão. Como festa, o futebol situa-se num tempo que se suspende fora do tempo. É o “ ontem eterno” que se torna presente. Os adeptos falam das vitórias passadas como se elas acabassem de acontecer…
- É uma celebração da vida numa verdadeira liturgia do mundo. No centro está a bola, símbolo cosmológico por excelência, o altar é o rectângulo de jogo, os ministros do culto são os jogadores, os árbitros são os mestres de cerimónia. E a assistência participa em cada rito com bandeiras, cânticos e gestos colectivos. Não é por acaso que alguns estádios viraram “catedrais” e alguns dirigentes “papas!” São celebrações que reactualizam o combate primordial. Tornam presente o conflito eterno entre o bem e o mal, a morte e a vida. “É o mata-mata”. E a assistência projecta-se nos seus heróis. Grita com as vitórias, chora com as derrotas. As selecções nacionais são a incarnação da alma de um povo que se ufana ou se deprime. E quanto mais chauvinista maior a reacção.
- Com festa, gera estados de orgia, de excessos e desregramentos. O futebol, ao ritualizar a violência, poderá ajudar a sublimar os impulsos violentos das pessoas e das comunidades ao assumir uma função catártica. Descarregamos, simbolicamente, sobre os adversários, sobre os árbitros, todas as nossas frustrações. O pior acontece quando o ritual é abandonado e o futebol se transforma num espectáculo degradante de violência gratuita e impune.
- É um sinal da necessidade que o homem sente de projectar-se na transcendência, de pintar o futuro de esperança. Veja-se o entusiasmo dos adeptos no início de cada época…
- É um rito que realiza um mito. A actual ruptura com o mito religioso da paz original abre o futebol a outros mitos, a outras sacralizações, mesmo as mais perigosas como a xenofobia, o racismo e o hooliganismo. Então, o futebol deixa de ser festa para se tornar em terror.
Transcrevo um excerto da conclusão de “Futebol, a grande festa dos tempos modernos”, de António da Silva Costa, professor do FCDEF – Universidade do Porto - que esteve subjacente às minhas reflexões: “O futebol mostra que, quando a sociedade moderna quer, através duma festa permanente e sem limites espaciais, transformar a terra num paraíso, isto não é mais que o resultado duma nostalgia definitivamente perdida. A verdadeira festa e o paraíso com que o homem continua a sonhar são precisos procurá-los no além. Por enquanto, é o tempo de continuar o jogo e a bola já saltita no relvado”…

domingo, 12 de setembro de 2010

A República!

No próximo dia 5 de Outubro comemoram-se os 100 anos da República Portuguesa. Vejamos alguns apontamentos ou notas, falando da República em linguagem pouco comum, cujo valor no panorama da actual literatura se torna um desafio a considerar!
O escrivão faz de viúvo e catrapisca Orquidinha:
Encasacado de preto, o escrivão faz de viúvo da menina viscondessa no funeral da dita. O Dr. Alfredo bufa ca justiça é a cabeça de todo o governo e, porque não há justiça, o governo, descabeçado, desanda às apalpadelas, porque se está na véspera de uma revolução, e o escrivão, para desanojar do nojo, vai visitar Orquidinha.
Fui, feliz, hoje…só dor!
Estou positivamente cansado de cansaço. Ontem (encasacado de preto sempre em pé à direita do senhor visconde) fiz de viúvo da defunta menina viscondessa e chorei bastante pois, como é ordinário que assim seja por ser a defunta quem foi, fui pesamado de pêsames pela soma inteira da gente da reinação cá da vila. Inté houve quem me desse trato de “senhor viúvo fidalgo”!
No cemitério, diante do mausoléu de família do senhor visconde (a banda filarmónica a prantear em sol menor) pranteei, em sol maior, um pranto de Ayres de Gouveia que decorei para a ocasião:

“Para sempre, Adeus! Perdida
Ai, foi mais esta ilusão:
É mais no livro da vida
Uma página volvida,                              
E menos no coração.
Perdida! Maldita ideia!
Perder assim tanto amor:
Do novo crente, adorei-a;
Como louco, idolatrei-a,
Fui, feliz, hoje…só dor”

Pranteando o pranto, dearreiei-me em lágrimas. Assocorreu-me a Orquidinha que m’assoou os olhos com um lencinho bêbado de água de cheiro.
Tempo rançoso de pôr um homem à janela!
Encasacado de nojo, andei o dia quase inteiriço a gandaiar pelas ruas da vila para que o povo fosse constante que estou de luto pela morte da menina viscondessa. O Dr. Alfredo viu-me em gandaição e fez-me “pssst pssst”. Espreitei derredor pra ter certeza de que não estava a ser cuscado, encafuei-me na botica e assentei-me. Ele botou-se a bufar ca justiça é a cabeça de todo o governo; e que não temos justiça; e que, desjuizados, ajuíza-nos um governo sem cabeça; e, mais ainda, descabeçado, o governo desanda às apalpadelas; e que o povo, desandado e apalpado, compra armas pela sombra da noite com que há-de fazer “pum pum”quando a hora s’alevantar…
O Dr. Alfredo chupou o coto do charuto a plenos pulmões e, entourido de fumo, bufou:
- Estamos na véspera duma revolução popular, senhor escrivão!
Para desanojar do nojo que m’enoja, fui a casa da Orquidinha. Ela, mui lambisgóia, lambisgoiou-me que lera no jornal ca senhora Dona Maria Pia, viúva de D. Luís I e avó D’el-Rei D. Manuel II, vai ser convocada pra comparecer como ré no Real Palácio da Ajuda.
Um comerciante de panos da moda estabelecido no Chiado de Lisboa intentou contra a Real Senhora uma acção judicial. É que a Dona Maria Pia encomendou, por catálogo, pra riba de dois armários de vestidos franceses e, crente que a uma Rainha tudo é dado, levou os vestidos mas recusou-se a pagá-los!
- A monarquia está podre – riu a Orquidinha.
E a Orquidinha está sãzinha – catrapisquei-a, passando-lhe a mão pelo catrapisco.
Comentário:
Reparem, meus amigos, que um pouco desta narrativa ou história, se assim lhe quisermos chamar, é muito semelhante à governação que vamos tendo, cheia de peripécias e gatafunhadas, de estouvadas ideias que desconectam qualquer português atento a tudo aquilo que se passa, neste Paraíso à beira-mar plantado (desprezado, desgovernado, caloteiro e arruinado em dívidas).
Mais: ainda estão por julgar os carrascos do regicídio em que sucumbiram o Rei D. Luís e seu filho herdeiro do Trono de Portugal. Soube-se quem foi mas não se julgou e puniu.
Se, por exemplo ou mesmo casualidade, hoje, se matasse o Presidente da República ou o 1º Ministro, haveria lugar a julgamentos e punições? Pois, certamente, haveria. Então, julguem-se os criminosos, mesmo a título póstumo, porque, senão, pega em moda e quando não servem para reinar ou governar ou não se gosta deles, matam-se? Não julgues sem necessidade, nem castigues sem descobrir as culpas! Mas, age de acordo com as leis, cumpre-as e fá-las cumprir…
ATVerde

Viva a República! Abaixo a Monarquia! Onde está a Democracia?

Comentando: As mangas e o loureiro!

Oh, se podem dar mangas
Ou louros(as) para o dente
Mas é preciso que tragas
Para o quintal, boa semente
Que mesmo em cima de fragas
Quando o machambeiro é valente
Mesmo com frutas pagas
Não dão para toda a gente
Que sendo de mãos largas
E num país demasiado quente
Trocar os frutos pelas mamas
É desnaturo e contraproducente

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Quando a Ciência sai dos seus limites...

Recordo-me de Stephen Hawking quando, sobre a origem do Universo, dizia que Ciência, mesmo que um dia chegue a dar resposta a todas as nossas perguntas, nunca poderá responder à mais importante: por que é que o Universo se deu ao incómodo de existir?
Stephen Hawking, nessa altura, não saía da sua área científica de que é um prestigiado perito, mas, agora, entra, ousadamente, na Filosofia e na Teologia. Com estranheza, vejo-o a afirmar, segundo informação do jornal "The Times", no seu livro que virá a público muito breve, sob o título "The Grand Design", que Deus não criou o Universo, mas foi o Universo por si, espontaneamente, que surgiu do nada. Defende, com essa premissa, que é redundante imaginar que há um Criador. Di-lo à revelia das suas anteriores afirmações de físico de talento que a sua grave doença, esclerose lateral amiotrófica, que tanto o afecta, não o impediu de ter prestígio científico e o tornou professor em Cambridge, já jubilado, tendo sido responsável da cátedra que, antigamente, fora de Isaac Newton. O livro "The Grand Design" é escrito em parceria com o físico norte-americano Leonard Mlodinov.
Exorbitando da Física e discorrendo sobre Filosofia e Religião, Hawking descuida o conselho sábio de Santo Agostinho: "o transcendente não pode deduzir-se do imanente".
Em erro idêntico já tinha caído o darwinismo ao expulsar Deus da Biologia. Não admira que, ainda hoje, quem mais gostou da afirmação de Hawking tenha sido o biólogo e ateu militante Richard Dawkins.
À afirmação "dogmática" de que Deus não criou o Universo - a Ciência, quando perde a noção dos limites, cai no dogmatismo orgulhoso, tentando meter-se no que não é da sua competência, como discutir Deus - reagiram criticamente, anglicanos, católicos, judeus e muçulmanos.
É verdade que, para a Física, Deus está a mais. Mas isso não quer dizer que seja a Física a declarar que Deus não é o Criador do Universo. Ao dizê-lo, sai da sua natureza e da sua metodologia, para entrar indevidamente na Filosofia e na Teologia.. Como se diz com humor, Einstein sabia tanto de Física que poderia dizer algum disparate em Filosofia. Mas ninguém o levava a sério como filósofo. Será que Stephen Hawking merece crédito em Filosofia ou em Religião?
A harmonia intelectual entre o humano e o divino desfez-se com o Positivismo do século XIX, ao dizer-se que a Ciência pertence ao mundo real, enquanto Deus é uma invenção da imaginação humana. Será que o Positivismo, ontem com hoje, tem a última palavra, como pensa Stephen Hawking?
A mitologia moderna do ateísmo e do agnosticismo é por vezes ingénua e sem sentido crítico. Os ateus têm a liberdade de pensar que Deus não existe e os agnósticos de dizer que Deus não fala, mas deixem aos crentes a liberdade de confiar que Deus não fica calado e revela-Se de múltiplas maneiras.

Festejo da independência da Ucrânia


Dezenas de mulheres da Organização Femininista (Femen) celebraram à sua maneira, quase nuas, o 19º aniversário da independência da Ucrânia. A foto foi captada durante um cortejo de motards que passeou pelas ruas do centro de Kiev, onde o Verão, pelos vistos, também está em alta. Durante o passeio, as femininistas gritaram palavras como: “a independência somos nós”. Horas mais tarde as protagonistas foram confrontadas pelas autoridades ucranianas que as acusaram de “exposição indecente”.





Jejum e Abstinência...quem usufrui e quem precisa?

O jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. Na disciplina tradicional da Igreja, a concretização do jejum fazia-se limitando a alimentação diária a uma refeição, embora não se excluísse que se pudessem tomar alimentos ligeiros às horas das outras refeições.
Ainda que convenha manter esta forma tradicional de jejuar, contudo os fiéis poderão cumprir o preceito de jejuar privando-se de uma quantidade ou qualidade de alimentos ou bebidas que constituem a verdadeira privação ou penitência.
A abstinência, por sua vez, consiste na escolha de uma alimentação simples e pobre. A sua concretização na disciplina tradicional da Igreja era a abstenção de carne. Será muito aconselhável manter esta forma de abstinência, particularmente nas sextas-feiras da Quaresma. Mas poderá ser substituída pela privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo mais requintados e dispendiosos ou de especial preferência de cada um.
Contudo, devido à elevação das condições sociais e do género de alimentação, aquela concretização pode não bastar para praticar a abstinência como acto penitencial. Lembrem-se que o essencial do espírito da abstinência é o que se disse acima, ou seja, a escolha de uma alimentação simples e pobre e a renúncia ao luxo e ao esbanjamento. Só assim a abstinência será privação e se revestirá de carácter penitencial.
O preceito da abstinência obriga os fiéis a partir dos 14 anos, enquanto que o jejum será aplicável dos 18 aos 59 anos.
As presentes determinações sobre o preceituado do jejum e abstinência apenas se aplicam em condições normais de saúde, estando os doentes, por conseguinte, dispensados da sua observância. De igual modo, aquelas pessoas que laboram em trabalhos pesados e, portanto, de enorme desgaste físico, estão isentas desse cumprimento. Convém, naturalmente, que cada um possa rever-se em si mesmo nas formas de aplicação.
Quando se enumera a carne como um dos maiores factores de abstinência, ajuizadamente entendemos que tem a ver com o valor do seu preço e também gustativo. Todavia, há muitas espécies de peixes e mariscos cujo precário é demasiado exorbitante. Assim, a penitência abstinencial, sugere, que se dêem o devido valor e importância ao preço dos produtos de alimentação.
Agora, que está muito em moda tentar diminuir o peso do corpo das mais variadas formas, deixo aqui expresso este apontamento que, além de reduzir a obesidade, também pode resultar numa pequena e salutar economia. Nada obsta a que se possa experimentar…
ATVerde

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Bodas de Ouro (13-11-1938/13-11-1988)

Caríssimos Pais! Caríssima Família!
♣♣♣
F
az hoje, precisamente meio século que os nossos Pais se casaram! É por isso que aqui estamos, festejando tal efeméride.
Procuramos reunir todos os filhos, noras e genros, netos e bisnetos, bem como o único tio que nos resta e, este da parte da mãe, o qual nos honra muito com a sua presença, acompanhado de sua esposa e filhos.
Esta família é muito maior ainda, mas era quase impossível juntar todos os seus elementos, o que é pena, pois, estas datas, merecem, não serem esquecidas. Fica no entanto, aqui expresso, unanimemente, os pêsames de grande dor por aqueles que gostaríamos de ver presentes mas que partiram já desta vida. Assim, que podemos nós fazer? Uns nascem, enquanto outros morrem! É a lei da vida...
Ao casarem, os nossos Pais assumiram como todos os que se casam, enormes responsabilidades, as quais foram acrescidas pelo facto de se estar em plena 2ª Grande Guerra Mundial. Tiveram oito filhos que, graças a Deus, aqui estão presentes para darem os parabéns aos Pais, porque há cinquenta anos atrás não o podiam fazer, claro!
No tempo em que não havia assistência médica como hoje, sem abonos de família, sem quaisquer auxílios, começam a vida dura do seu quotidiano, sofrendo os malefícios da dita guerra, mas, enfrentando tudo e todos honestamente.
Deram mais aos filhos do que, lhes tinha sido dado a eles, mandando-os para a escola. Educaram-nos consoante as suas possibilidades e às vezes mais... e, podem como é óbvio, não deixar heranças, mas, suponho, também não deixarão dívidas e, se as deixarem, nós, não faremos mais que eles ao pagá-las, pois, algumas vezes se endividaram para nos criarem...
Temos no entanto, a honra, de poder dizer, que os nossos Pais nunca nos a encaminharam para o mal, pelo contrário, nos procuraram sempre ensinar o bom caminho, através dos seus paternais conselhos, os quais como é natural, muito lhes agradecemos.
Sofreram vários desgostos nestes cinquenta anos de casados. Viram partir os filhos para o serviço militar e, para África em plena guerra colonial, embora, hoje, se regozijem de os terem todos aqui.
Trabalharam sempre, nomeadamente a mãe que, aos quatro anos de idade fica órfã de mãe e passa, com essa tenra idade, em casa de pessoas estranhas a guardar gado e, só encontra o seu único irmão, quando este atinge a idade da tropa, que, também como ela, fica órfão aos dois anos.
Mesmo assim, tudo foi passando e, hoje, parece que vale a pena, esquecer todos esses sacrifícios para, vivermos todos, estes momentos de imensa alegria e satisfação ao festejarmos os seus “cinquenta anos de ouro”.
É por isso que, recordando sempre um bocado da história de cada um de nós, mesmo com lágrimas, temos a certeza que essas lágrimas fazem bem aos mais novos, pelo menos, para que eles sintam o que os mais velhos passaram, obrigando-os a pensar melhor no seu futuro.
Por tudo isto, recordemos a maravilhosa doutrina de Deus em que se dá: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, e que hoje podemos citar desta forma: glória ao pai, à mãe, aos filhos, à família e a todos os amigos!
Resta-me pois, quer em meu nome e em nome de meus pais, agradecer a vossa presença, sabendo de antemão os sacrifícios e despesas que tal presença vos proporcionou.
Quero também, pedir desculpa desta ousadia e maçada que, naturalmente vos dei e, desejar “felicidades aos noivos”, dando-vos a certeza de que a noiva não vai grávida.
Expressar ainda, o meu melhor e mais sincero agradecimento pela atenção que me quiseram dispensar. Muito obrigado!
♣♣♣
Agostinho Teixeira









Sílvio Berlusconi...com 20, pelos vistos, gratuitamente!

Volta e meia Sílvio Berlusconi, o polémico primeiro-ministro italiano, salta para as manchetes graças ao seu apetite sexual. Desta vez uma prostituta italiana resolveu contar a sua versão da história, enaltecendo o político e as suas orgias, onde chegavam a estar com Sílvio 20 prostitutas, como que formando um autêntico harém O primeiro-ministro veio a público confirmar os seus encontros sexuais, embora fizesse questão de afirmar que nunca pagou um serviço sexual (estes primeiros-ministros fazem tudo e mais alguma coisa e a parolada, aceita, prestando vassalagem.) Mas a polémica fez com que a mulher, Veronica Lario, com quem esteve casado 19 anos, pedisse o divórcio.

Berlusconi das fantasias
Tem histórias de requinte
Porque nas suas orgias
Consegue acertar no vinte

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O apadrinhamento civil, um modelo eclesiástico...

O Conselho de Ministros aprovou um Decreto-Lei que estabelece os requisitos para habilitação dos candidatos ao apadrinhamento civil, regulamentando a Lei nº 103/2009, de 11 de Setembro.
Na sua apresentação, afirma-se: “Este Decreto-Lei regulamenta o regime jurídico do apadrinhamento civil, concretizando os requisitos e procedimentos necessários à avaliação da pessoa que pretende apadrinhar uma criança. O objectivo é garantir que a mesma possui idoneidade e autonomia de vida necessária para assumir as responsabilidades próprias do vínculo do apadrinhamento civil.
O apadrinhamento civil visa possibilitar o alargamento do conjunto de respostas que se podem constituir como projecto de vida das crianças e dos jovens que não beneficiam de forma plena dos cuidados parentais dos progenitores e não se encontram em situação de adoptabilidade.
O apadrinhamento civil é uma nova forma de integração para as crianças e os jovens que não reúnem os pressupostos da adoptabilidade ou para os quais a adopção se tornou inviável (nomeadamente porque já não têm a idade mais procurada), mas que também não podem regressar à família biológica.
A decisão de colocar uma criança ou jovem junto de uma pessoa ou família ao abrigo do apadrinhamento civil depende do acordo dos seus pais biológicos e de uma decisão de um juiz. Por sua vez, a escolha das pessoas habilitadas a receber crianças ou jovens ao abrigo do apadrinhamento civil depende do preenchimento de várias condições, nomeadamente a nível da sua capacidade emocional, afectiva e económica.
A criança ou jovem é integrada num ambiente familiar, ficando confiada a uma pessoa ou a uma família, que exerce os poderes próprios dos pais, através do vínculo do apadrinhamento civil, estabelecendo-se entre eles os vínculos afectivos que permitam o bem-estar e o desenvolvimento da criança.
Espera-se que o apadrinhamento civil tenha impacte significativo, nomeadamente, na colocação segura de crianças e jovens acolhidos junto de pessoas e famílias que lhes permitam oferecer um projecto de vida, em vez de permanecerem em instituições de acolhimento”.
Comentário:
Valerá a pena reflectir nos pontos seguintes: 1) É interessante verificar como um modelo tradicional da Igreja, que é a instituição dos padrinhos para a celebração do Baptismo, se procura aplicar agora à sociedade civil (em que aliás está inserido, a Igreja também é sociedade civil), no entanto sem nenhuma referência explícita ao facto, nem ao pagamento de direitos do autor, de que tantos são tão ciosos, mesmo quando se trate de coisas insignificantes ou deletérias. 2) Poderá acontecer que esta modalidade de apoio a crianças ditas em risco, ou resultantes de paternidades ocasionais cada vez mais frequentes, possa ajudar estas crianças a crescer em ambientes familiares saudáveis. 3) Mas já se vê, pelo resumo do articulado da regulamentação referida, que tudo isto se vai enredar numa tal teia de burocracias, que a sua aplicação se vai tornar mais complicada que satisfatória. 4) Também poderá surgir, apesar disso, que com este modelo se supere a complexa forma da adopção legal, processo que se arrasta tantas vezes indefinidamente, com prejuízo das crianças, das famílias de acolhimento, mas sobretudo das crianças. 5) Pode igualmente o modelo ajudar a superar a predominância absoluta dos pais afectivos, ajudando a compreender quais serão os mais importantes e os mais benéficos para as crianças e para as sociedades.