sábado, 26 de janeiro de 2013

Como pregar o calote...



Neste Portugal empobrecido
De palhaços e regabofe
Há sempre algo imerecido
Como pregar o calote...
Compra-se tudo sem pensar
Escondidos no capote
Com ideia de não pagar
E pimba, pregar o calote...
Coisas caras, eis a questão
Tudo pela hora da morte
Onde o artista aldrabão
É pessoa de muita sorte...
Bem falado, de fatioca
Aparece como bispote
Melro, que procura minhoca
E apanha um fartote...
Rouba que se farta
Como gato para o filhote
Até ao raio-que-o parta...
Ajudado pela consorte
Neste jogo que baralha
Vai pregando o calote
A toda a maralha...
Mais parecendo um coiote
Com sua grande matilha
Que põe tudo em desnorte
Onde chacina, mata e arrepia...
É este o impróprio cenário
Do nosso dia-a-dia
Da roubalheira, documentário
Feita com enorme mestria
De tanto ladrão excedentário
Sem lugar no quadro do pessoal
A não ser no partidário
Porque qualquer canibal
Do grande jogo ordinário
Vai-se infiltrando no capital
Do nosso público erário
Deste paupérrimo Portugal...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Dor de cotovelo...


Para um fim de semana muito frio, deixo-vos este poema como
muito whisky...
 Aquele abraço do,
 Verde
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Beber pra esquecer é teimosia
Hoje muito whisky, muita alegria,
Amanhã ressaca, saco de gelo
O bar não é doutor que cure a dor de cotovelo 

A dor pra curar não tem receita
É corcunda que se deita

Sem achar a posição
E sentir saudade não faz mal
Não é no fundo do copo
Que você vai encontrar sua moral 

Beber pra esquecer é teimosia
Hoje muito whisky, muita alegria,
Amanhã ressaca, saco de gelo
O bar não é doutor que cure a dor de cotovelo 


Elis Regina