Neste Portugal empobrecido
De palhaços e regabofe
Há sempre algo imerecido
Como pregar o calote...
Compra-se tudo sem pensar
Escondidos no capote
Com ideia de não pagar
E pimba, pregar o calote...
Coisas caras, eis a questão
Tudo pela hora da morte
Onde o artista aldrabão
É pessoa de muita sorte...
Bem falado, de fatioca
Aparece como bispote
Melro, que procura minhoca
E apanha um fartote...
Rouba que se farta
Como gato para o filhote
Até ao raio-que-o parta...
Ajudado pela consorte
Neste jogo que baralha
Vai pregando o calote
A toda a maralha...
Mais parecendo um coiote
Com sua grande matilha
Que põe tudo em desnorte
Onde chacina, mata e arrepia...
É este o impróprio cenário
Do nosso dia-a-dia
Da roubalheira, documentário
Feita com enorme mestria
De tanto ladrão excedentário
Sem lugar no quadro do pessoal
A não ser no partidário
Porque qualquer canibal
Do grande jogo ordinário
Vai-se infiltrando no capital
Do nosso público erário
Deste paupérrimo Portugal...