sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Voz da Razão...

Um dia de vergonha nacional!
Esta semana tivemos greve, mas não tivemos manifestações. Um mistério? Não creio. A minha costela pessimista diz-me que os portugueses não foram trabalhar para mostrarem a sua náusea com ‘o estado a que isto chegou’; mas depois a costela optimista acrescenta que os portugueses preferiram ficar em casa devido a um vago e intuitivo sentimento de que eles também são responsáveis pelo ‘estado a que isto chegou’: o nosso brutal endividamento externo, que lentamente vai fechando as torneiras do crédito, é também ou sobretudo, um brutal endividamento privado. E não houve família lusitana que, abençoada pelos cafres que nos governaram, não tenha dado o seu contributo para a loucura geral que levou o país à bancarrota. Claro que, perante este cenário, alguns líricos perguntam se não teria sido preferível trabalhar; ou, em alternativa, ir a Fátima em peregrinação para agradecer aos céus o facto de ainda haver trabalho para os nossos grevistas. Não vou tão longe. Um dia de pausa faz sempre bem. Desde que esse dia seja inteiramente dedicado ao velho desporto de sentir vergonha na cara.
“O problema é que Sócrates de milagres só apresentou promessas, e a Senhora de Fátima não governa no seu lugar."

1 comentário:

Observador disse...

Mais uma vez concordo com a análise, mas acrescentaria: que no meu entendimento esta greve não teve sentido, a não ser que alguém acreditasse que com ela iria mudar alguma coisa, por um lado o que há a mudar é para pior, era bom que todos nós tivessemos os pés na terra e nos convencessemos duma vez, que o tempo das «vacas gordas»
já se foi, por outro lado, parece-me que foram os mais beneficiados de todos os Portugueses que mais se empenharam na dita Geral, porque aqueles que de facto tinham razão para parar, consertesa não o fizeram, porque no outro dia estavam no olho da rua.
Quando escrevo beneficiados, refiro-me concretamente a todos os Funcionários do Estado, classe a que pertenço.
Um abraço
Virgilio