quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A força de uma lamparina!

Há na nossa vida pequenas atitudes que nunca mais se apagam, que nunca mais se esquecem em nós e naqueles que servimos.
Num dos bairros paupérrimos da Austrália, as irmãs religiosas de uma Congregação visitavam pobres e idosos doentes, esquecidos pela indiferença das outras classes.
Certo dia, uma das irmãs entrou na barraca de um pobre muito idoso e desprezado, onde estava tudo sujo e desarrumado.
- Deixe-me limpar a sua habitação e lavar as suas roupas – dizia a religiosa.
- Estou bem assim e já sou muito velho para limpezas, respondeu ele, não se preocupe.
- Ficaria muito melhor e com outro aspecto, insistiu ela. Ele concordou.
A freira limpou a casa toda, lavou as roupas e preparou-lhe a pobre cama.
No meio daquela sujidade e bagunça encontrou uma lamparina muito velha e cheia de poeira.
- O senhor não acende de vez enquando a sua lamparina?
- Não, respondeu ele. Não recebo a visita de ninguém e não preciso de luz. Quando escurece, deito-me. Para que deveria acendê-la?
- O senhor acenderia todas as noites a lamparina se as irmãs passassem a visitá-lo e a conversar consigo?
- Naturalmente, respondeu.
As religiosas combinaram entre elas visitar o ancião todas as noites.
Passaram-se dois anos e ele enviou esta mensagem: Contem à minha amiga que a luz que ela acendeu em minha vida continua a brilhar.
Como é belo saber que uma visita de caridade acendeu na vida de um infeliz uma luz: luz de esperança numa vida verdadeiramente humana, vida assistida por mensageiras de amor. Esperança de um sorriso, de uma palavra, de um alento, de uma ajuda a um ancião pobre, doente e esquecido da sociedade.
As nossas visitas a doentes, a prisioneiros, a indigentes, acendem uma luz nessa solidão: um pouco de alegria, um pouco de amparo, um pouco de amor que aviva a fé em Deus que manifesta o seu amor pelo serviço e caridade dos outros seres humanos.
Se voltássemos a passar por esses locais de miséria e sofrimento, encontraríamos o coração desses infelizes brilhando de uma luz encantadora, lendo nos seus olhos a palavra “agradecimento”.
Quantos de nós viremos a passar por essas provações? Sei lá, meus amigos. Sei, apenas, que aquilo que nos está reservado é uma incógnita e, se calhar, é melhor ser assim para não entrarmos em desfalecimentos de desespero…

1 comentário:

Valdemar Marinheiro disse...

Felizmernte que assistimos a muitos casos de partilha solidária.
Quem tem percorrido os Hospitais a acompanhar familiares que lhe são queridos e que padeceram de graves doênças apercebem-se quão importante é a solidariedade.
Pena que sempre se meta a religião.
Quem tem amor a si próprio fácilmente percebe que a sua vida só estará preenchida se partilhar com o próximo e d´uma coisa fica com a certeza. Que passamos a receber muito mais do que o pouco que damos.
Este e exemplo que nos vem da longinqua Austrália, mas felizmente no nosso Portugal temos inúmeros casos destes.
Parabéns pelo artigo e o importante não é quem o fez. Importante isso sim é que cada vez hajam mais a fazê-lo. Custa tão pouco e podemos proporcionar vidas plenas de felicidade, às vezes com uma palavra ou um simples gesto.
Aproveito para deixar aqui o meu reconhecimento aos amigos Voluntários dos hospitais, por quem nutro uma enorme admiração, pelo carinho, amor e dedicação que dedicam aos Doentes nas suas regulares visitas ou internamentos.