Porque hoje estou bem disposto
Vou falar-vos de marmelada
Para lhe tomardes o gosto
Estando ela bem adoçada...
Havendo tantos marmelos
Oferecidos, vendidos ao desbarato
Não será só ao vê-los
Que de marmelada me farto...
É preciso boa escolha
Apartar os que estão podres
E não é qualquer zarola
Que tem esses méritos nobres...
Separar os velhos dos novos
Tirar-lhe as pintas e caroços
Como quem descasca ovos
Ou saboreia um pires de tremoços...
Verificar quais os maduros
Sem menosprezar os verdes
Utilizar os menos cascudos
Para boa marmelada terdes...
Que o marmeleiro seja novo
Com seus rebentos viçosos
Marmelos com feitio de ovo
Com os bicos melindrosos...
Descascados à maneira
Cozidos em panela jeitosa
Onde o calor da fogueira
Faça a marmelada formosa...
Depois, deixá-los escorrer
Até às unhas dos pés
Nunca parar de mexer
Como quem embala bebés...
Açucar quanto baste
E uma varinha mágica
Que tenha firme a haste
Para não haver coisa trágica...
Servi-la à mesa, na cama,
À lareira, mesmo com frio,
Porque o marmelo é mama
No seu parecer e feitio...
Para quem gosta de doçaria
Tome nota a preceito
Vá comendo uma vez por dia
Mesmo que lhe falte o jeito
Da marmelada da Maria...
Segundo aquilo que pesquisei
Sobre o doce da marmelada
A esta conclusão cheguei:
Até pode ser feita à martelada...
2 comentários:
A língua portuguesa rica em palavras é propícia para fazer poesia... mas é preciso ir buscá-las!
Arre porra! Por esta não esperava eu!
E eu que pensava oferecer uma colecção especial de "marmelos" na próxima sexta-feira, já não sei se deva!
Ou será que isto é um incentivo para me atirar de cabeça?
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