terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Jovens de oitenta anos!



 
Meus caros Amigos, deixo-vos este apontamento que encontrei algures, (cuja identificação se encontra no final do texto) para poderdes reflectir um pouco sobre a nossa velhice e na falta de carinhos que muitos sentirão nestas quadras festivas de Natal e Ano Novo.

Diz o provérbio indiano que quando morre um idoso, perde-se uma biblioteca.
Eu pessoalmente sempre tive uma grande
admiração, carinho, e estima  pelas pessoas mais idosas. De quando em vez, vem-me à memória recordações que outrora se passaram e que me ajudaram a crescer interiormente. A senhora Carolina vinha sempre à missa das 9h e eu acompanhava a minha mãe. Ficávamos todos no mesmo banco da igreja. No gesto da paz, sempre lhe dava um beijo e via no seu rosto uma grande alegria, talvez por sentir que uma criança lhe deu um beijo. No final da Eucaristia sempre me dava uns súgus! Já faz alguns anos que ela partiu, mas este e outros gestos permanecem vivos! A minha Avó, sempre que chego junto dela e a saúdo, logo me diz: Deus te abençoe e te crie pela boa sorte. Desde sempre lhe conheci esta expressão e hoje, já um pouco debilitada, continua a repeti-la. São palavras que me farão recordá-la e ao recordá-la, estas surgirão ao pensamento. Uma outra recordação, que aqui quero deixar, remonta a Abril de 2007, na igreja do Carmo, em Viana do Castelo. Eu e a Lala fomos à Eucaristia. Sentamo-nos num dos bancos onde se encontrava uma senhora, já com uma certa idade. A celebração foi decorrendo normalmente, mas quando o sacerdote diz saudai-vos na paz de Cristo, nós, normalmente, saudamos esta senhora com um beijo. Que grande alegria desabrochou daquele rosto. A senhora ficou tão contente e até nos disse qualquer coisa, que outra não percebemos senão «que Deus vos ajude» e nós sem perceber o que se estava a passar apenas com um gesto tão simples. Várias vezes me pergunto, porquê? Não sei. Ou talvez sim. Talvez, porque houve dois jovens que sem preconceitos lhe deram um beijo na face enrugada; talvez porque estivesse a precisar de um gesto… É importante valorizarmos cada pessoa, porque todos temos valor e aos olhos de Deus ainda mais. Por falar nisso, partilho convosco uma pequena história que nos vai ajudar a entender melhor esta coisa de valorizar.
Certo dia um aluno chegou junto ao professor com um problema:
– Venho aqui, professor, porque sinto-me tão fraco, que não tenho forças para fazer nada. Dizem que não sirvo para nada, que não faço nada direito, que sou este, que sou aquele… Como posso melhorar? O que posso fazer para me valorizarem mais? O professor sem olhá-lo disse: – Sinto muito meu jovem, mas agora não posso ajudar-te, primeiro tenho que resolver o meu problema. Talvez depois. Mas, parou um pouco e disse-lhe: – Se tu me ajudares, eu resolvo o meu problema com mais rapidez e depois talvez te possa ajudar a resolver o teu. – Claro, professor, gaguejou o jovem, mas sentiu-se outra vez desvalorizado. O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno, deu-o ao rapaz e disse-lhe: – Monta o cavalo e vai ao mercado. Deves vender este anel porque tenho que pagar uma dívida. É preciso que obtenhas pelo anel o máximo possível, mas não aceites menos do que uma moeda de ouro. Vai e volta com a moeda o mais rápido possível. O rapaz pegou no anel e partiu. Mal chegou ao mercado começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olharam com algum interesse, até o rapaz dizer o quanto pretendia pelo anel. Quando o rapaz mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saiam sem o olhar, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel. Tentando ajudar o rapaz, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma chávena de cobre, mas o rapaz seguia as instruções de não aceitar menos do que uma moeda de ouro e recusava as ofertas. Depois de oferecer a jóia a todos os que passavam pelo mercado e abatido pelo fracasso, montou o cavalo e voltou. O jovem bem desejava a moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, assim livrava-se da preocupação do seu professor, podia receber a sua ajuda e os seus conselhos. Entrou em casa e disse-lhe: – Professor, sinto muito, mas é impossível o que me pediu. Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel. – É importante o que me disseste rapaz, contestou sorridente. Devemos primeiro saber o valor do anel. Volta a montar e vai ao ourives. Quem melhor para saber o valor exacto do anel? Diz que queres vender o anel e pergunta quanto é que ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o vendas. Volta aqui com o meu anel. – O rapaz foi ao ourives e deu-lhe o anel para examinar. O ourives examinou-o com uma lupa, pesou-o e disse: – Diz ao teu professor que, se ele o quer vender agora, não lhe posso dar mais do que 28 moedas de ouro pelo anel. – 28 MOEDAS DE OURO! Exclamou o rapaz. – Sim, replicou o ourives, eu sei que com o tempo poderia oferecer cerca de 70 moedas, mas se a venda é urgente... O rapaz correu emocionado a casa do professor para contar o que aconteceu. – Senta-te, disse o professor. E depois de ouvir tudo que o rapaz lhe contou disse: – Tu és como este anel, uma jóia valiosa e única – só pode ser avaliada por um especialista. Pensavas que qualquer um podia descobrir o seu verdadeiro valor? – E dizendo isto voltou a colocar o anel no dedo. Todos nós somos como esta jóia. Valiosos, únicos e andamos por todos os mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem… Que o Senhor Ressuscitado nos ajude a repensar no nosso valor, no valor de cada um. Menino Jesus de Praga, sê jovem na nossa juventude.
jmjp@santuariomeninojesus.org
Jovens do Menino Jesus de Praga

(Mensageiro nº 151 Março-Abril 2008)

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