quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Obsessão crítica de Küng e Boff...

Nunca se tornou fácil a sintonia entre magistério e teologia. Pode haver excessos de zelo do magistério como atrevimento narcisista de teólogos que descuidam a comunhão eclesial. É natural que algumas vezes Roma tenha sido excessiva no silêncio de alguns teólogos. Admitamos que, também alguns teólogos podem ter ido além das medidas.
Sejamos concretos: pode ser que Hans Küng e Leonardo Boff tenham sido criticados mais do que seria razoável. Mas, avaliando a reacção de um e de outro, depois de terem sido chamados à pedra pela Congregação para a Doutrina da Fé, não perdem ocasião para se justificar, criticando azedamente o Magistério da Igreja.
Tanto Hans Küng como Leonardo Boff tornaram-se vedetas da comunicação social e gostam de estar na crista da onda. São tão excessivos hoje com os eventuais ou reais casos escandalosos da pedofilia praticada por clérigos como os mais críticos que exageram nas faltas para levantar suspeitas a torto e a direito. Será que a ciência prova que o celibato está na origem da pedofilia?
Quem teve a oportunidade de ler entrevistas recentes de Küng e de Boff pode pensar que o celibato é o bode expiatório de todas as mazelas e traumas de clérigos imaturos e frustrados.
Os dois teólogos desenvolveram os seus estudos à sombra da Igreja, mas pouco ou nada se coíbem de “bater na mãe”. Nunca gostei que a teologia fosse apenas a caixa de ressonância, acrítica, do magistério, como desconfio do magistério quando castrador da inteligência, mas também me irrita que os filhos “batam na mãe”, quando chamados à atenção pelos seus excessos. Küng e Boff têm sido obsessivos nas suas críticas, desde que um dos seus pares de lides académicas, Joseph Ratzinger, foi eleito Papa. Recentemente, Hans Küng convida os bispos católicos à rebelião contra Bento XVI, a quem acusa de ter fracassado nos grandes desafios do presente, em particular na aproximação aos judeus e aos protestantes ou na reconciliação da Igreja Católica com as ciências modernas. No caso escandaloso da pedofilia de alguns clérigos, entende que o Papa não merece confiança e falhou como líder. Supõe que Bento XVI relativiza os textos do Concílio Vaticano, defendendo a convocação de um novo Concílio para a renovação do catolicismo.
Leonardo Boff, que renunciou ao sacerdócio em 1992, acusa Bento XVI de ser refém de uma visão “conservadora e reaccionária do cristianismo”, faltando-lhe “carisma” para “reformas profundas”. Censura-lhe a obsessão contra a Teologia da Libertação, mesmo depois desta, após a queda do muro de Berlim, não citando sequer o marxismo.
Os dois já têm idade para terem boas maneiras, deixando o azedume das suas críticas e a avidez do mediatismo para aplauso de plateias pouco exigentes. Repetem chavões com a superficialidade dos média na ânsia exorbitante das audiências. A teologia não deve contentar-se com tamanha ligeireza.
O que realmente se nota nas “extravagâncias” destes dois teólogos, parece resumir-se num certo ciúme por causa do papado entregue a Bento XVI. Também, seguindo a lógica das coisas, se nos apresenta em factos que eles, beneficiaram de estudos teológicos à sombra de benefícios que a própria igreja comportou e, tal como tantos outros que evoluíram nos seus estudos, quase gratuitos, nas “escolas missionárias”, acabam por, ferozmente, agradecer tais regalias desta ignóbil forma.
Já é velho o adágio: pagam a doçura com o veneno, que vomitam!

Sem comentários: