quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Bodas de Ouro (13-11-1938/13-11-1988)

Caríssimos Pais! Caríssima Família!
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F
az hoje, precisamente meio século que os nossos Pais se casaram! É por isso que aqui estamos, festejando tal efeméride.
Procuramos reunir todos os filhos, noras e genros, netos e bisnetos, bem como o único tio que nos resta e, este da parte da mãe, o qual nos honra muito com a sua presença, acompanhado de sua esposa e filhos.
Esta família é muito maior ainda, mas era quase impossível juntar todos os seus elementos, o que é pena, pois, estas datas, merecem, não serem esquecidas. Fica no entanto, aqui expresso, unanimemente, os pêsames de grande dor por aqueles que gostaríamos de ver presentes mas que partiram já desta vida. Assim, que podemos nós fazer? Uns nascem, enquanto outros morrem! É a lei da vida...
Ao casarem, os nossos Pais assumiram como todos os que se casam, enormes responsabilidades, as quais foram acrescidas pelo facto de se estar em plena 2ª Grande Guerra Mundial. Tiveram oito filhos que, graças a Deus, aqui estão presentes para darem os parabéns aos Pais, porque há cinquenta anos atrás não o podiam fazer, claro!
No tempo em que não havia assistência médica como hoje, sem abonos de família, sem quaisquer auxílios, começam a vida dura do seu quotidiano, sofrendo os malefícios da dita guerra, mas, enfrentando tudo e todos honestamente.
Deram mais aos filhos do que, lhes tinha sido dado a eles, mandando-os para a escola. Educaram-nos consoante as suas possibilidades e às vezes mais... e, podem como é óbvio, não deixar heranças, mas, suponho, também não deixarão dívidas e, se as deixarem, nós, não faremos mais que eles ao pagá-las, pois, algumas vezes se endividaram para nos criarem...
Temos no entanto, a honra, de poder dizer, que os nossos Pais nunca nos a encaminharam para o mal, pelo contrário, nos procuraram sempre ensinar o bom caminho, através dos seus paternais conselhos, os quais como é natural, muito lhes agradecemos.
Sofreram vários desgostos nestes cinquenta anos de casados. Viram partir os filhos para o serviço militar e, para África em plena guerra colonial, embora, hoje, se regozijem de os terem todos aqui.
Trabalharam sempre, nomeadamente a mãe que, aos quatro anos de idade fica órfã de mãe e passa, com essa tenra idade, em casa de pessoas estranhas a guardar gado e, só encontra o seu único irmão, quando este atinge a idade da tropa, que, também como ela, fica órfão aos dois anos.
Mesmo assim, tudo foi passando e, hoje, parece que vale a pena, esquecer todos esses sacrifícios para, vivermos todos, estes momentos de imensa alegria e satisfação ao festejarmos os seus “cinquenta anos de ouro”.
É por isso que, recordando sempre um bocado da história de cada um de nós, mesmo com lágrimas, temos a certeza que essas lágrimas fazem bem aos mais novos, pelo menos, para que eles sintam o que os mais velhos passaram, obrigando-os a pensar melhor no seu futuro.
Por tudo isto, recordemos a maravilhosa doutrina de Deus em que se dá: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, e que hoje podemos citar desta forma: glória ao pai, à mãe, aos filhos, à família e a todos os amigos!
Resta-me pois, quer em meu nome e em nome de meus pais, agradecer a vossa presença, sabendo de antemão os sacrifícios e despesas que tal presença vos proporcionou.
Quero também, pedir desculpa desta ousadia e maçada que, naturalmente vos dei e, desejar “felicidades aos noivos”, dando-vos a certeza de que a noiva não vai grávida.
Expressar ainda, o meu melhor e mais sincero agradecimento pela atenção que me quiseram dispensar. Muito obrigado!
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Agostinho Teixeira









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